Resenha O Menino do Pijama Listrado

Editora: Companhia das Letras
Autor: John Boyne
Páginas: 186
Ano: 2013
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Sinopse:
Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também não faz idéia que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e a mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e para além dela centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com frio na barriga.

Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.

 "Uma coisa é certa: ficar se sentindo miserável, não tornará as coisas mais alegres"

[Nota Pessoal]

Eu ganhei este livro da minha irmã querida, Priscila, e prometi que leria o mais rápido possível, mas infelizmente demorei um pouquinho..rs. Porque a fila de lista de parceiros não me permitia...rs. Mas bem a hora chegou, e eu pude entrar novamente em um cenário da Alemanha nazista. Eu gosto de livros que abordam sobre a segunda guerra mundial, não é segredo pra ninguém, amei A menina que roubava livros, mas esse... esse foi muito especial. Vamos lá...
Bruno é um homenzinho (aliás detesta ser chamado assim) muito esperto. Uma criança com muita criatividade e que vive literalmente sua infância. Tudo desmorona na vida do pequeno Bruno (pequeno mesmo) quando o pai leva a família para um lugar bem longe de Berlim, onde fica sua confortável casa de cinco andares! Como ele faz questão de frisar. O lugarzinho segundo ele se chama Haja-Vista. É sem graça, longe de seus amigos, e de tudo que é legal (Eu estou tentando usar o pensamento de Bruno, que aliás, é fantástico). Pra piorar sua irmã insuportável Gretel, sempre implica com ele. O pai é muito importante, e o Fúria (como Bruno chama Hitler, o "Führer",o que é bem engraçado, pois vários nomes na história ele confunde e chama de outra coisa) tem grandes planos para o pai, e se mudar para Haja-Vista fazia parte dele.
 

 "Não torne as coisas piores, pensando que dói mais do que você realmente está sentindo"

E umas das primeiras coisa que nota na casa nova, como um bom explorador que é, é a janela de seu quarto que tem vista para um enorme campo com cercas maiores ainda. E o que o deixa intrigado são as roupas dos que moram lá. Todas listradas. E também há muitas crianças! O que o deixa completamente furioso, por não poder ter com quem brincar, enquanto do outro lado da certa, ele supõe, todas as crianças de roupas listradas brincam sem parar.
O que me deixou um pouquinho chateada foi ter que esperar pela metade do livro para o menino do pijama listrado realmente aparecer. Mas até a metade, o raciocínio, as peripécias de Bruno vão nos distraindo. E essa inocência em meio a dura realidade, cativa o leitor. 
Não demora muito (ou até a metade do livro..rs) para Bruno inventar brincadeiras e sair explorando o lugar. E resolve, mesmo sabendo que era proibido, chegar perto dos arredores da cerca. Em então lá, encontra um ponto, um vulto, que finalmente descobre ser um menino. O menino que passaria muito tempo conversando dali em diante. Ambos descobrem que nasceram no mesmo dia, e por mais que as circunstâncias de sua atual situação sejam exorbitantemente diferentes, eles encontram muitas coisas em comum.
 

“Polônia”, disse Bruno, pensativo, medindo a palavra na língua. “Não é tão boa quanto a Alemanha, é?” Shmuel franziu o cenho. “Por que não?”, perguntou ele. “Bem, porque a Alemanha é o maior de todos os países”, respondeu Bruno, lembrando-se de algo que ouvira o pai comentar com o avô em certo número de ocasiões. “Somos superiores.”

E mesmo Bruno estando do outro lado da cerca, ele não revela tudo que se passa lá, o que de fato me deixou meio irritada, toda criança dá com a língua nos dentes. E por isso, Bruno não percebe o que se passa bem ali do lado de sua casa. Ao mesmo tempo que essa inocência me cativou, me deixou irritado, porque Bruno tem nove anos e devia ser mais esperto do que era, para perceber que o novo amigo não estava nada bem. Mas infelizmente não é sempre como queremos. E por diversas vezes eu quis dar umas palmadas em Bruno por ser meio egoísta em diversos pontos da história. Eu entendo que o autor quisesse exaltar a beleza da inocência infantil em um cenário tão cruel, mas chega a ser muito inexplicável o desconhecimento de Bruno para o que acontecia ao seu redor. O que por exemplo em A menina que roubava livros (desculpe, tive que fazer referencia, pois são duas crianças protagonistas em um cenário nazista), eu considerava Liesel bem mais esperta. E já que estou comparando..rs, um ponto positivo neste livro é que mesmo nessa omissão da verdade para Bruno, ainda sim é mais evidente o horror da realidade para o leitor, e já na história de Liesel faltou um pouco mais disso, apesar de ser triste, eu senti que no menino do pijama listrado, a realidade mais dura, e é posta a reação de diversas pessoas diante dessa realidade na minha opinião. Não sei explicar em detalhes...



"Bruno abriu os olhos, assombrado com as coisas que via. Na sua imaginação ele pensara que todas as cabanas estavam cheias de famílias felizes (...) Pensou que todos os meninos e meninas que moravam ali estariam em grupos diferentes, jogando tênis ou futebol, pulando corda e desenhando no chão quadrados para jogar amarelinha (...) Como ele pôde ver, todas as coisas que ele imaginou estarem lá – não estavam"

Bem, depois disso Bruno passa a considerar Shmuel (sim, esse nome é complicado de falar) um amigo, e os dois trocam experiências, cada um à sua maneira e realidade. Também achei estranho Shmuel esconder certas coisas, o que fazia com que Bruno continuasse ignorante ao que estava acontecendo por um tempo. Não posso contar mais se não estraga... 
Obs: Assisti o filme logo depois de ler, e claro que o livro é melhor, mas o filme também é interessante. Só não gostei que no filme o pai de Bruno parece um bocó enquanto no livro ele é um tirano. No mais pra quem não leu vai gostar muito, e talvez até pra quem leu, só é triste como o livro, pois não tem como falar da segunda guerra sem lamentar não é?
Mas o livro é realmente triste, mas fascinante. Muitos reclamaram do final, e eu concordo que não é dos melhores, mas o que esperar? Eu terminei na madrugada, e aconteceu aquele famoso caso de quando você chega perto do fim e percebe que não há páginas suficientes para o final que você quer...rs. Mas eu nem sei bem o que eu esperava, só sei que nunca imaginaria esse que foi. Me surpreendi, e chorei muito. Recomendo para todos.
Beijos da Sa.
 


9 comentários:

  1. Sou louca para ler esse livro e sua resenha não deixou nenhum pouco a desejar. Amei.
    Atiçou ainda mais minha curiosidade.
    Beijos !
    seforasilva.blogspot.com

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  2. Oi Sá, li esse livro ano passado e confesso que não gostei muito. O filme foi tão grandioso (não assisti ainda), que o livro ficou apagado. Parabéns pela resenha, ficou demais!

    Beijos, Rob

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  3. O filme é fantástico, mas tenho certo receio com o livro, porque não me deram uma opinião tão boa.
    Quem sabe eu leia, sua resenha ajudou um pouco rs.
    Abraços.
    http://www.armadaescrita.com.br/

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    1. Leia sim, talvez goste, o livro é sempre mais completo, obrigada pela visita, já dei uma passadinha em Armada Escrita e retribui. Beijão.

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  4. Como sempre minha amiga, arrasou na resenha!
    Eu gostei muito livro e do filme, assisti o filme 1° e confesso que se não o tivesse feito não ia entender direito o que se passou no final do livro... rs
    Nunca tinha associado o Furia a Hitller kkk (Disfarça!) E tm nao havia parado pra pensar nessa questão de Shmuel nunca ter dito nada a Bruno, dos trabalhos forçados que ele era obrigado a fazer, mais parando pra pensar vai ver que ele tinha medo... Falar e apanhar! Que sabe... E o final? CHOCANTE é tudo que tenho a dizer =/
    Mais enfim, gostaria de parabeniza-la por mais uma resenha incrivel; que sempre deixam a curiosidade do leitos aticada rs E pra quem ainda não leu, é super recomendavel, facil leitura, envolvente e surpreendente! Bjos

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    1. Obrigada pela visita flor.. que bom que gostou.. e você não notou no fúria..? rsrs mas tudo bem, normal.. o Bruno também associa os nomes parecidos com outra coisa, isso é legal, porque é a visão de uma criança. E também concordo que pode ser até que o Shmuel não tenha dito por medo de apanhar, mas a criança sempre fala demais independente da consequência, e além disso quem saberia que ele contou? Já se falavam escondidos mesmo..rs. Acho que foi jogo do autor mesmo pra manter Bruno oculto àquelas coisas até o fim. Agora o final pode não agradar a todos, nem a minha agradou, mas como um todo o livro é muito bom. Obrigada pela indicação, pois foi seu debate na página que me fez querer ler mais ainda. Beijão.

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  5. Oi Sá!

    Já vi o filme e estou louca para ler o livro!
    Ele tá lá na fila... kkkk
    Mas não acho que lerei ainda esse ano...
    Adorei a resenha, mesmo se tratando de um assunto tão triste.

    Beijokinhas!

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  6. Oi Sabrina!
    Acho essa obra simplesmente sensacional. A ambientação no mundo nazista faz com que qualquer trama fique com um toque a mais. Mesmo sendo triste, é uma das melhores leituras que tenho. Sempre está na minha lista de repetecos kk
    Adorei a resenha!

    Beijos

    http://www.taobomquantopizza.com/

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  7. Oi Sá, muito boa a sua resenha. Tenho muita vontade de ler esse livro.

    Beijinhos,

    Rafa

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