☠ Quem Tem Medo do Lobo Mau? ☠


Olá pessoal! Devem ter sentido falta dos meus textos do Literatura em Movimento... pois bem, resolvi voltar a ativa de novo no projeto, e consegui postar o desse mês graças a um prazo estendido (ainda bem) hahaha.

Bom, para quem ainda não conhece, Literatura em Movimento é um projeto de blogagem coletiva organizado pelos blogs Café com Livro, da Helena Dias, Da Literatura, da Ana Karina e Sacudindo as Palavras, da Denise Valente. Caso você queira saber de maiores detalhes, clique aqui. E para maiores detalhes dos 3 temas desse mês clique aqui. Pois vou focar só no meu tema escolhido. Vamos lá?

Meu escolhi foi o...

TEMA 3 - QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU?

Claro que não poderíamos deixar de unir essas duas datas lindas, não é mesmo?! Quem nunca contou histórias de terror? Quem nunca segurou o medo de algo para se fazer de corajoso na frente dos amigos? Lembrando da infância e dos medos bobos (ou não) de quando éramos pequeninos, queremos saber: qual(is) o(s) mito(s) que mais lhe causavam medo quando criança? Não precisar ser necessariamente uma lenda, pode ser qualquer coisa que te fazia olhar embaixo da cama e dentro do armário antes de ir dormir. 

Então é isso: Qual(is) o(s) mito(s) que mais lhe causavam medo quando criança?




Escolhi esse tema pois minha infância foi marcada por climas e situações esquisitas. Desde cedo, tive gosto pelo cinema e principalmente pelo gênero terror. Vi inúmeros filmes nesse estilo ainda criança, como;  A casa maldita, A hora do Espanto, A casa da colina, Hellraiser... e por aí vai. O terror sempre foi algo que me chamava a atenção. Era como um desafio, eu acho. Talvez eu me sentisse mais forte ou mais adulta por assistir filmes que a maioria das crianças tinham pesadelos (isso não quer dizer que eu não tinha haha) Não sei explicar. Apenas sentia.
Tive uma infância complicada e com problemas familiares e sempre me refugiei no faz de conta. Esses filmes, ao mesmo tempo de davam medo e ao mesmo tempo me proporcionavam sensação de adrenalina. Me imaginava vivendo uma situação daquelas, derrotando monstros, fantasmas e demônios. Mas na hora de dormir eu voltava pra realidade e estava na minha caminha quentinha onde estava segura (mas não dos pesadelos haha).
Logo então, percebi que eu tinha...  talvez um dom. Eu pressentia quando algo ruim iria acontecer ou quando alguém estava chegando. Era muito louco mas eu confiava plenamente nessa minha intuição.
Mas o que me deixava realmente atormentada, não era meus pressentimentos e sim outra peculiaridade que acontecia comigo. Eu ouvia vozes. Sabrina, mas que infância é essa? Pois é... cada um tem a sua... Mas garanto que não fui a única viver esse tipo "situação" rs. Só que eu estava habituada a isso e considerava normal. As vozes, (que eu escutava em minha cabeça ou ao pé do ouvido) me diziam coisas horríveis (isso é sério, quem me conhece bem, sabe. Contei pra pouquíssimas pessoas e agora pra vocês). Graças a Deus não ouço mais. Mas, sempre senti um clima sombrio pairando no ar durante minha infância em qualquer casa que eu fosse morar.
Entre uma delas, havia uma em especial, que foi num período onde eu estava bem fissurada em filmes de horror. Ela possuía uma rede num corredor que dava para os fundos e lá era muito escuro a noite. Ficava só a luz da cozinha iluminando. Eu (não sei porquê raios) gostava de me balançar ali a noite. Era como se eu quisesse vencer o meu medo de escuro. Que até hoje tenho rs. Eu olhava fixamente para escuridão, sem explicação, e torcia para não ter nada. Até, que as vezes eu achava que via (ou via) algo se mexer na escuridão, e era aí que eu parecia uma atleta de salto em vara kkkk. Dava um pulo que já chegava na cozinha em segundos.
E foi assim que acontecia em muitas outras noites. A menina aqui nunca desistindo de vencer o medo e desmascarar essa sensação de ser observada. Era sinistro, eu sei. Mas era minha infância e é essa que tenho pra dividir com vocês. E por isso também fiz um conto bem pequenininho inspirado nas coisas que descrevi. Espero que consigam ler até o fim, já tá bem longa a postagem, prometo ser curta haha.


O OBSERVADOR 



Clic
O botão perto da tela é apertado pelos dedos gelados da menina, desligando a TV. A tela aquecida por muitas horas assistidas de filmes de horror. No quarto, sua irmã come alguma porcaria e escreve em um diário da moda. Seus pais estão na cozinha conversando banalidades, como o preço do aluguel, ou da conta de luz. A garota tenta voltar a normalidade, como sempre faz quando termina de assistir a um filme como aqueles. Finge que não está com medo e que nada pode assustá-la. 
Passa pela mãe, e depois pela porta aberta da cozinha, deitando-se na rede, de frente para o cômodo. Observa a mãe e o padrasto terminarem a conversa, e enquanto isso, concentra-se no vai e vem da rede, para frente e para trás em meio aos seus pensamentos nebulosos. Do seu lado esquerdo consegue ver toda a extensão do quintal até o portão. O cão está em algum lugar, debaixo de algum carro da oficina improvisada do padrasto. Ele então resolve ir até o quintal, terminar um conserto em atraso. Está tarde, mas vai receber bem se entregar o veículo pela manhã. A mãe belisca um pão e sai da cozinha para a sala, deixando a menina em sua rede, apenas os pensamentos lhe fazendo companhia. A sua direita, está o lado em que evita olhar. Mas seus olhos são atraídos toda a vez que está sozinha. Não consegue enxergar nada. É a parte de trás da casa. Não tem nada além de terra, algumas ripas de madeira, tijolo e plantas penduradas no muro, que balançam com o vento da noite, tomando formas bizarras. Aquilo precisa de uma reforma, ela pensa para se distrair.
Não olhe para lá, sua idiota...
Mas os olhos não obedecem. Eles até se esbugalham, se esforçam para acostumar-se com a escuridão e enxergar a forma de cada coisa ali. Nada...
Ufa...
Olhe de novo! Apita sua consciência. Um, dez, quinze, vinte minutos olhando para a escuridão. Tentando vencê-la, confronta-la. Até que vem o estalo. O corpo da menina enrijece. Cerra os olhos em busca de alguma coisa. E então ele passa. Quase imperceptível, tão rápido quanto as batidas do seu coração naquele momento. Não sabe quem é ou o que é, mas há a certeza de que existe alguma coisa. Um vulto, uma sombra, alguém...
Não mais poucos segundos depois, seus pés se moveram por vontade própria, pulando da rede em um impulso até a porta da cozinha, deixando para trás a sua mente alucinada. 
Sentou-se no sofá da sala, ao lado da mãe, fingindo naturalidade. A mãe troca de canal distraidamente.
- Olha mãe, aquele filme que eu queria ver! - ela avisa, quase se esquecendo do episódio anterior.
- Mas é de terror, filha. Não gosto dessas coisas cheias de sangue!
- Mas eu gosto mãe, deixa aí.
A mãe então assiste ao filme, com a garota ao lado, empolgada com a história.
Do lado de fora, ele sonda a menina por uma brecha da janela. 
Ela parece destemida, olhando para a tela da TV. Ele ri. Ri de como a menina acreditava ser a observadora, enquanto na verdade estava sendo observada. Sempre. Quase conseguiu dessa vez. O medo ri, e vai embora. 
- Até logo, menina. 


Então pessoal, gostaram? Esse conto é uma expressão mesmo da minha infância, nada ao pé da letra, mas sim, uma inspiração. Espero que tenham gostado. Até a próxima! Beijos da Sa!


8 comentários:

  1. Oi Sa,
    Ao contrário de você, nunca gostei de filmes de terror, ainda mais se tivessem espíritos. Como sou de uma família mais espiritualista, sempre acreditei nessas coisas. Então, para mim, aquilo era real e poderia acontecer. hahaha...
    Adorei o conto.
    bjs

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  2. Posso dizer que fiquei com medo da sua história? Pois é. E o conto ficou ótimo.
    Eu nunca assisti muito a filmes de terror. Meio que sou igual a Tatiane. Saber que aquilo pode realmente acontecer, nunca me deixou legal assistindo filmes assim. Mas gosto de ler contos sobre o assunto. E sempre que encontro algum, não penso duas vezes antes de me aventurar.
    Abraço!

    http://livrosperfeitosmsoffiati.blogspot.com.br/

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  3. Sabrina Maria Ninja Oliveira!!!! Estou de cara com seu texto!!! Arrasou demais!!!!! Nem sei o que comentar de tanto que gostei!!!

    Acho que só vou dizer que te entendo e que também sempre gostei de filmes e livros de terror desde pequena, mas isso sei que foi influência da minha mãe!! Haha

    Parabéns pelo excelente texto!!
    Café com Livro

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  4. Nossa adorei o conto, e me fez relembrar da minha infancia, como consegui esquecer que o meu maior medo era o que se escondia no escuro me observando?! Assim, como você tive algumas experiencias que de tão loucas parecem reais, ou são, nunca tive certeza, mas sempre vi quando criança um homem alto, magro e todo de preto no estilo Slender que sempre me observava do escuro, como bom medroso, o cobertor na cabeça era meu escudo e nunca passou disto, ele me observando e eu o observando.

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  5. Sa, que tenso! Meu Deus! Eu ainda me lembro a primeira e única vez que vi um vulto na minha vida! Gente, ainda escreverei sobre isso! Hahaha Bom, adorei e que tenso esse negócio de ouvir vozes...

    Abraços e até!

    lendoferozmente.blogspot.com.br

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  6. Sá!
    Que texto lindo!... Não só é de uma coragem extrema (difícil a gente sair contanto assim, abertamente o que sentimos em nossa infância ou quando estamos numa bad), como é simples de muitas formas.
    Sempre tive essa atração por filmes de terror também, não sei porquê. Mas sempre assistia com minha mãe, adorávamos.
    E parabéns pelo conto!
    Até + ver! Nu.
    As 1001 Nuccias | Curtiu?

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  7. Saaaa!!!
    Fiquei com medo da história! Hahahaha...
    Eu também tive vários momentos da minha vida em que tive muito medo porque via (ou achava que via) algo. E, confesso, tenho medo do escuro ainda! (Será que está na hora de arrumar um terapeuta?)
    Beijo.

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  8. Sabrina, seu post chegou a me dar arrepios!
    Parabéns pelo texto, ficou muito bom!
    Beijos.

    www.historiamuda.com.br

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